Opinião

Pra onde foram todos!?

Por Evoti Leal
Barbeiro e escritor

Sempre que se faz uma pergunta por escrito, põe-se ao final da frase um ponto de interrogação. Isto se aprende no ensino fundamental. Quando se quer passar a ideia de que a pergunta é feita por alguém que está surpreso, então usa-se, junto ao ponto de interrogação, um ponto de exclamação.

Na pergunta que dá título a este texto é como se eu perguntasse a quem quer que me possa responder, exclamando: - "Ué! Cadê todo mundo que estava aqui!?". De repente, onde tinha tanta gente, antes de eu sair do local, não encontro mais ninguém, ao retornar a esse mesmo local, algum tempo depois. Pra onde foram todos!?

Realmente estou surpreso de ver o lugar tão vazio, onde antes era como um verdadeiro "formigueiro".

Estou me referindo à tradicional Feira de Artesanato da Avenida Bento Gonçalves de Pelotas, junto ao Parque Dom Antônio Zattera. Chegava a perfazer três quadras, no calçadão central dessa movimentada avenida, com bancas dos dois lados.

Minha esposa é artesã e, em dois momentos, no passado, antes de nos mudarmos para Curitiba, expusemos seus produtos nessa feira, onde tinha de tudo que era feito pelas mãos de inúmeros artistas locais.

Com a licença adquirida na mão, tornamos a ela, 22 anos depois, dois domingos atrás (dia 10 de março de 2024), situando este texto no tempo, para possíveis leitores futuros.

Para nossa surpresa, havia menos de dez expositores e, o que é dez vezes pior, circularam por ali menos de dez pessoas, entre 10h e 17h, quando nos retiramos, frustrados.

Neste último domingo (17), nem expositores havia na quadra oficial.

Uma expositora, no outro dia, já nos dera a solução da charada: "O pessoal começou a sumir daqui depois que construíram o shopping".

Aí, vem-me à cabeça o refrão daquela música do Jota Quest: "E se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tenha sol, é pra lá que eu vou".

Só que, na minha constatação, no caso em questão, para responder a pergunta feita e usada como título desta mensagem, só muda uma palavrinha desta letra, e vira uma humorística paródia:

"E se quiser saber pra onde eu vou, pra onde tem comida, é pra lá que eu vou".

Sim, porque shopping, em qualquer lugar do Brasil, é sinônimo de praça de alimentação sempre lotada. Lojas têm por toda parte. Cinema, não é todo mundo que vai. Mas todo mundo come. E onde se concentra uma variedade de apetitosos lanches e pratos para todos os gostos, com ar condicionado e tudo, aí, danem-se os artesãos e o comércio tradicional da avenida.

E a minha pergunta agora é: o que a Prefeitura irá fazer para revigorar, reacender, resgatar e trazer de volta a cultura do artesanato local, para aquele local, que servia inclusive como atração turística, bem no coração desta cidade, antigamente chamada de Princesa?

Grande desafio para o próximo gestor público, porquanto à gestora atual não creio que seja isso motivo de preocupação, já que está em final de segundo mandato.

Dá tristeza, só de ver! Mas a feira tem que continuar. E os pelotenses precisam incentivar seus artistas.

Porque, do jeito que a encontramos, ou "que não a encontramos", naquele lugar desértico, onde ela deveria estar, florescente e frenética, como dantes, é deveras entristecedor, para não dizer desmotivador.

Espero que este desabafo afete uma parcela, ao menos, desta sociedade e do poder público local.

Falo não só por minha esposa, mas por todos os artesãos e artesãs desta cidade, tão carente de coisas belas e atraentes.

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